Irina Toca. Fico num canto escuro escutando. Penumbras. Sua música entra pelos meus ouvidos e poros. Me sinto como aquela menininha de antigamente que se trancava num quarto escuro para escutar sua música preferida! O quarto escuro, o canto mais aconchegante que encontrava. Aqui, um piano ao longe e um galpão enorme escurecido, apenas com um facho de luz que me ilumina muito levemente. Ao toque de Irina meu corpo estremece e sinto uma vontade imensa de dançar. A sensação de um movimento e de uma melodia fazem pulsar o meu corpo. Sou aquela sensação! Uma vontade de chorar, na verdade uma felicidade de saber que aquela menina ainda existe em mim. Aquela que não tem medo de brincar e dançar conforme a música. Aquela que vê nos menores movimentos os momentos mais preciosos, puros e reconfortantes. Irina Não precisa parar de tocar. Ela não sabe que estou la, ela não sabe que estou aqui. Ela treina assiduamente. Eu escuto! Escuto, respiro e danço.
Thaís de Almeida Prado, La Fonderie, Le Mans, França - Junho de 2005