quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Serenata...

Quando cheguei eu deveria ter uns 7, 8 anos.
Eu estava dentro de um navio.
Não.
Eu estava dentro de um ventre. De minha mãe talvez.
Não. Minha mãe não estava.
Eu tinha 7, 8 anos...
Acho que cheguei no frio. úmido...
Tinha dois irmãos. Não, acho que um era meu marido.
Beijei sua boca e disse – "Eu te amo".
Quem estava no ventre não era eu e sim ele. Meu filho. Filho do meu marido.
Meus irmãos cresceram e eu casei. Casei pequena.
O ventre era quente e úmido
mas eu tenho frio
Nasci agora.
Não.
Dei a Luz. Não, não dei a luz. Ele morreu. Morreu antes que eu pudesse lhe dar um beijo.
A minha respiração nunca foi o que deveria ser...
Voltei.
O navio era frio. Escuro.
Não podia ver. Apenas pegar.
Peguei na mão dele e sorri.
Ele não viu meu sorriso... pensou em lágrimas
Tenho medo de não poder mais ver
Não vejo meus pais.
Atravessei muitas lágrimas...
Estou longe demais.
Longe demais do começo.
Sou um meio sem começo e fim.