Mais uma vez como de costume.
Mais uma vez como de costume ninguém me percebe aqui.
As árvores não tem mais folhas, estão secas e retorcidas, estão como se amputadas.
Me sinto obscuro.
Não quero mais ficar aqui.
Resolvo sair sem ser visto.
Andar pela estrada cheia de folhas esvoaçastes.
O vento é frio.
Sigo em direção a uma torre, que imagino ser alguma igreja velha, mas ela parece estar extremamente longe. Não me importo e sigo.
No meio do caminho me deparo com ruínas de casas. Ruínas de espaços perdidos pelo fogo, ou por alguma guerra ou espaços simplesmente abandonados...
Dentro destas faíscas de um provável lugar onde pretendo estar, encontro uma casa com vidros quebrados.
Decido entrar para me esconder do frio.
Pulo um janela e me corto em um caco de vidro. A dor é forte mas me sinto bem. Sinto que ainda estou vivo.
Dentro da velha casa encontro um armário antigo meio “entortecido”, algumas camas espalhadas, e uma camisola de renda. A camisola me chama a atenção, está posta em cima de uma cama de uma maneira cuidadosa, como se estivesse esperando sua dona.
Olho e fico admirando aquela geometria.
Lembro de alguma coisa de minha infância. Nada claro...
Nada claro...
Tudo branco na minha cabeça.
Pausa.
Neste momento eu tento me levantar porque percebo que estou caído no chão.
Neste momento ele pretende se levantar porque percebe que está caído no chão.
Neste momento sua dor é grave e ele grita para dentro.
Neste momento ele está só, e só há vestígios.
Um gato aparece e lambe seu corte causado pelo vidro da janela.
A língua é áspera.
A língua me dói.
Pausa.
(continua...)