sexta-feira, 18 de novembro de 2011

origem / destino - ficção 2



Metrô São Bento. Ela desce um pouco zonza como o emaranhado da cidade. Em frente da igreja de São Bento acredita que vai vomitar, mas não. Caminha no contra fluxo à procura de um refúgio. 1 trilhão e picas diz o impostômetro.
Ela entra no pátio do colégio com intuito de paz. Lá a estátua indica um catequizador “ensinando” índia Bartira, filha do cacique Tibiriça, moradores do Theatro Municipal. Bartira casada com João Ramalho, português selvagem (como era conhecido). Originaram várias famílias em São paulo. Ela quer sentar, mas não é possível sentar no monumento. Aqui também não há paz, a zonzeira continua. Quer água, sente sede.
Sem ficção com a realidade ela anda em direção à praça Clóvis. Passa em frente a casa N.1, lembra de algum passado remoto. Ao lado da Casa n. 1 a Casa da Marquesa, no vão entre essas casas uma ruelazinha. Um grupo de turistas fala inglês, o guia pergunta “Can you see that street? There was a river.”
Ela para em frente ao Portal da ruelazinha e olha pra o que seria o rio.  “preciso chorar” ela pensa. No rio passam carros apenas... antes canoas, barquinhos, pessoas nadando talvez. Ela quer chorar mas caminha até a  “gloriosa” Pça Clóvis.

Uma visão diferente desta praça – debaixo para cima – a cúpula da Igreja da Sé, fonte cascata, palácio da justiça e sua “cúpula” de juízes.
Ela adentra a praça, e o enjoo permanece. Pessoas fumam crack à vista de todos. Ela sem lenço e sem documento anda como se estivesse nua – será que sou um "nóia" aos olhos dos outros?
Muitas pessoas ocupam a praça e pensam ao longe. Há um silêncio que não se pode explicar. Ela senta em frente ao palácio da Justiça e olha o horizonte. Há um horizonte. Ela é como eles. Sem nada nas mãos, só um incomodo enjoo constante. Uma senhora passa lentamente comendo amendoins com seus sapatos tortos. Anda meio à deriva e come. A velha para e olha para mesma direção da moça. Volta a andar e comer seu amendoim.
Ela sem ficção caminha.
Corre na praça em frente à igreja na esperança de algo mudar.