sexta-feira, 31 de outubro de 2008

PAPEL DE JÚLIA, de Helton Okada

Primeiro Plano 2008 - Critica Cinematografica

Os lábios plasmados em rubi tragavam mais que a fumaça do cigarro. Pareciam tragar os últimos momentos de realidade, antes do chamado de André. Papel de Júlia começa desfilando possibilidades. A cogitação de que o casal já se conhecia surge em determinados momentos, no entanto, a forma como os papéis são desempenhados demonstra que a trama envolve mais elementos simbólicos do que podemos visualizar na tela. Letícia torna-se Júlia. E a encarnação desse papel traz consigo certo pesar, certo desejo de contestação. Letícia precisa se anular, se despir de si, retirar seu batom rubi, para se encaixar na fantasia de André e seu vestido perolado.

O portal para uma fenda no tempo é aberto quando a aliança enlaça o dedo de Letícia/Júlia. Talvez não venha a ser uma fenda no tempo, mas apenas uma fantasia nunca concretizada com uma Júlia morta, desaparecida, presente, ou mesmo de bruma.

Letícia se entrega finalmente a este universo que parece não ser de todo desconhecido por ela. Durante a volta, no carro, Letícia já indica seu desconforto, como se o retorno para a realidade fosse penoso. A chegada à rua fecha o ciclo. André agradece à Letícia pelo serviço prestado, como se tratasse de uma necessidade corriqueira, trivial. Sua fala (“Qual seu nome mesmo?”) traz para a cena um clima até então inexistente de leveza e naturalidade, o que não infere, necessariamente, sinceridade.

Letícia se senta no chão e acende o cigarro. Novamente junto com o trago, a personagem suga sua realidade e retoma seu papel de Letícia. Seu riso nervoso deixa escapar uma dualidade entre a atração pela desfiguração de si e de seu mundo e a negação da sua identidade. O curta deixa no ar uma sensação de leveza, porém não “des-tensa”.

Papel de Júlia traz à tona questões importantes, dentro das perspectivas pós-modernas de fluidez e não-pertencimento, que tangem a nossa existência e a forma com que lidamos com nossos desejos e as possibilidades de transmutação. Negociações difíceis que exigem momentos de reflexão, sugeridos nas sutilezas do curta de Helton Okada.

Raquel Lara Rezende

PAPEL DE JÚLIA, de Helton Okada

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Quando Corpo e Vídeo, Tempo Real e Editado Trabalham Juntos


De "A Adormecida que Mordeu a Maçã Verde e Não Colocou o Dedo na Roca"



Territórios Recombinantes
postado por Paloma Oliveira

Thaís de Almeida Prado nasceu em Belo Horizonte (MG), mas foi criada em Curitiba e em SP, onde vive. Estudou teatro, dança moderna, cinema e fotografia. Formada em direção teatral pela ECA/USP, estagiou na França por um mês com o Théâtre du Radeau, onde participou do Festival de Thêàtre d’Avignon como assistente de producão do espetáculo “Vocal Masala”, de Mathilde Lechat; acompanhou o Festival “États généraux du Film Documentaire de Lussas
Em 2002 entrou para a Cia Auto-Retrato de dança-teatro. Seus trabalhos permeiam a interdisciplinaridade na arte se utilizando das linguagens artes visuais / cinema, teatro, dança para expressar cada trabalho de uma maneira singular. Sem a preocupação de se rotular e definir um único caminho (aliás, muito ao contrário), Thaís é performer, atriz, diretora, roteirista, videoartista, escritora, poeta… ninguém imagina que ela, tão pequenina, com um nome tão grande possa ser tão versátil assim, mas é.
Uma das pessoas que viu essa multifaceta foi Peter Greenaway que abarcou o projeto de Thais A Adormecida que Mordeu a Maça verde e não Colocou o Dedo na Roca à sua exposição no 16o vídeobrasil em 2007.
Essa intervenção concentida transformou a exposição de Greenaway em um lugar vivo, não apenas de obras soltas, mas matéria orgânica e vibracional. Não que todas as exposições devam ter um performer, mas o bom uso de diferentes formas de expressão criativa (assim como o trabalho do próprio Greenaway) transformaram o vulgar em a algo mais… um pouco sobre o projeto nas palavras da própria Thais:
O projeto era dentro da Exposição Tulse Luper Suitcase, do Peter Greenaway.
Fui convidada, ou melhor, me convidei a estar na abertura da exposição dentro de uma das malas expostas (uma mala para Harpas. número 40). Teria que dormir. Então fiz uma contraproposta, “dormiria” na mala, mas escreveria minhas experiências e minhas relações com o espaço e deixaria à mostra este diário de notas para o público. A performance era a minha própria escrita em movimento. Inventava histórias, confundia com textos de alguns autores que gosto, com fragmentos dos filmes do Greenaway etc.
Resolvi que iria todos os dias e ficaria pelo menos 1h. criei um jogo de obstáculos para mim. Dormir não era bem dormir. Estava num estado dormente, onde realidade e sonho se confundiam. Deitava na mala, mas escutava tudo e todos, muitas informações e muito material para criação. quando não estava na mala, estava pelo espaço. Parada muitas vezes em estado de contemplação. contemplava os outros.
Eu era como uma imagem, como um objeto vivo no meio do espaço, daquele espaço que tinha o “morto” e o museológico bem presentes. Era uma natureza morta, porém com vida.
Minhas ações eram mínimas, mas perceptíveis. Respirava, chorava, sorria. Brincava com o gelo que derretia em uma outra mala, olhava no olho de alguém durante horas. A Busca era estar “presente” e ser notada sem ser o foco; ser notada sem ser um evento. era simplesmente eu. de camisola branca. Muitas vezes eu não estava lá no espaço, mas a presença ficava. o Livro permanecia, as pessoas me procuravam.
Havia um mistério em se procurar essa mulher que nem sempre estava. quem era, o que pensava… etc
Através da minha escrita me comuniquei com o público… eles começaram a me escrever cartas em resposta. Foi um processo muito intenso e ao mesmo tempo delicado. Passei um mês sem querer sair e fazer outras coisas. me confinei de uma maneira boa. à moda da Sophie Calle (uma artista francesa, que esse ano tá na Bienal de Veneza)
O tema se tornou a Espera. a constância. o mínimo como máximo.
a maçã verde que mordi e que ficava ao lado de minha mala apodreceu com o tempo. ela era o meu tempo naquele momento.
e talvez eu fosse ela
Uma pequena entrevista cedida por Thais ao TR…

NOVAS INQUIETAÇOES
Nos dois últimos trabalhos, eu pesquisava a relação do performer com o espaço (uma instalação multimídia) e com o público. Foi assim em “…Mas Não” e “A Adormecida que Mordeu a Maça verde e não Colocou o Dedo na Roca”, este ultimo foi feito em parceria à exposição Tulse Luper Suitcases, do Peter Greenaway.
No novo trabalho que estou desenvolvendo com o CORROSIVO coletivo, a pesquisa anterior permance, e trabalhamos com uma parte de video documental entrevistando quem já conviveu com o ambiente da Casa das Caldeiras, ainda estamos em fase de criação, mas pretendemos fazer uma instalação cênica. O tema é a Transitoriedade.
Nos trabalhos que faço percebo que a questão da memória e temporalidade são bem fortes, mesmo que não parta de nenhuma destas questões, de alguma maneira acabo chegando a isso.

ESTETICA E PLASTICIDADE
Normalmente parto de uma pesquisa de linguagem que me inspire na criacão estética, e que se relacione com o tema já escolhido, ou vice e versa. Pra mim é sempre importante ter a questão da pesquisa de linguagem, de adentrar lugares desconhecidos e um tema que me cause “formigamentos”, porque senão parece que falta alguma coisa…
Mas isto é um gosto pessoal.
Não busco uma única linguagem nas artes, acabo sempre indo para a interdiciplinariedade. Acho que a estética que busco, se assim podemos, é a fusão das diversas linguagens artisticas. Na verdade isso não é consiente, vem com cada projeto, ele mesmo acaba me levando a seguir um caminho ou outro. Vai depender de qual for a melhor maneira de me expressar com ele.


O CENARIO NACIONAL
Acho que esta interdiciplinariedade que falei acima está muito presente no trabalho da maioria dos artistas.
Mas é engraçado que ao mesmo tempo que buscamos esta fusão e a não classificação de algum trabalho (se é dança, teatro, cinema, videoarte), sempre existe uma classificação, ou alguém pedindo que nos classifiquemos. Só uma divagação sobre a mania que o ser humano tem em colocar nome nas coisas… mas sei que o buraco é mais embaixo.
Acho que eu não consigo dar uma resposta fechada sobre como vejo a cena atual. tenho visto muita performance, dança, cinema ficção e documentário, videoarte, teatro documental… realmente nesses ultimos meses fui bonbardeada de informacãoes e eu preciso deixar a poeira baixar…
APRENDIZADOS E PESPECTIVAS
O processo de criação está sempre muito relacionado aos momentos de vida. Essa troca entre vida que alimenta arte e arte que alimenta a vida, é um dos grandes aprendizados…
Perspectivas são continuar me arriscando, mesmo que dê algo “errado”.
REFERENCIAS
Tenho uma lista que me influencia muito e que sempre retorna na minha “cabeceira”… Hilda Hilst, Sophie Calle, Peter Greenaway, Rogério Sganzerla, Mario Peixoto, Helio Oiticica, Marina Abramovic, David Lynch, Maguy Marin, Beckett, Pina Baush, Jan Fabre, Francis Bacon (o artista plástico), Nietzsche, Sartre, Heiner Muller, Clarice Linspector (o Água Viva principalmente), o casal Matthew Barney e Bjork, Radiohead, de música tem muita coisa também…
enfim, acho que o que mais me atrai neles é que existe uma radicalidade e um risco muito forte. Eles quebram com padrões da arte, mas não pelo simples fato de quebrar, pelo fato de não se satisfazerem com o que já têm. Não sei se dá pra entender…
Acho que eles se arriscam sem medo, claro que ultimamente tem alguns que não andam se arrisando muito, mas…
Existe uma loucura neles, e existe um sarcasmo…
Sem dúvida eu sou influenciada por eles, escolhi eles porque vejo uma afinidade muito forte.
Em alguns trabalhos parti de estudos da obra de alguns artistas como no caso da Hilda Hilst, do Peter Greenaway, do Sartre, e da Sophie Calle, mas na maioria das vezes estes artistas são minhas referências indiretas, eles na verdade me inspiram para a vida.




quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Corrosivo encontra Quarto Physical Theater

Postar, postar e postar...
ando devendo esta postagem desde nosso encontro com a Quarto Physical Theater / Quarto Teatro Físico / Quarto Fysisk Teater...
O que dizer deste encontro...
Foram tantas divagações... discussões existenciais sobre uma mesa com toalha de (algo que a gente tinha gostado muito, mas eu não me lembro o que é)... lá na casa da Renata...

Qual a condição do artista...

Como poder ser o que se propõe a ser, num país onde a dificuldade financeira grita, e o capital domína.

Foram tantas questões...
*Lembro-me de um de nossos ensaios, o primeiro para Leandro e Ana, onde falamos das *questões personagem/ator... ou personagem vs ator
*
Afinal, que máscara é essa que eu trago e que muitas vezes não parece fazer sentido... ?

Um dia corrosivo e quarto se encontram na sala de um tal eletricista. Resolvemos conversar a partir do corpo. Não falamos... respiramos e fizemos uma partitura de movimentos... uma sequencia onde a base era a respiração e a região do ventre... Tão filosófica quanto nossas conersas... tão existencial quanto...
A Renata vencendo seus LimitesBacia... lindo ver a Ana trabalhando ao lado da Renata, e lindo para mim e a Carol que recebemos o olhar do leandro...
UMA HORA A CABEÇA DEU PANE... OU FOI O CORPO. o Meu...

Tudo iso aconteceu na primeira semana de novembro e agora ficou caótico na minha memória....
quebra cabeças.

Não consigo mais ter certeza de nada... acho isso, acho aquilo

Acho que os olhares entre as caldeiras são esses quebra-cabeças que vamos montando durante o processo... um dia a gente acha uma peça dentro de um experimento e coloca sobre a mesa para tentar encontrar onde ela se encaixa... mas talvez esse encaixe possa variar a cada novo dia...
cada peça surge da relação entre os corrosivos e principalmente das pessoas que passam por nós e nos deixam marcas.

Fragmento-me novamente... e tento mais uma vez...

Ensaio aberto da Quarto
frutas, casacos de pele, saltos, fitas, nu, o macaco, o som, microfone, a maça na boca de quem fala... uma cantora de Blues/Rock?
"Tente ser você" - ela diz pra ele.
"√amos tentar outra coisa" -ela diz novamente.
Deixe essa máscara, seja você.
Ela dança. dança? sim, ela dança
Ele lembra da infancia... me remeto ao Retornarse
Ela come suas mexiricaseios
Ele dança nu com a maça na boca
em algum momento ela colocou fita crepe vermelho no chão e falou de macacos...
ele andou entre esta fita e comeu o microfone.
Assim? nessa ordem?
assim nesse momento. agora.
São tantas fotos em minha retina... tantos sons e cheiros que restam... eu poderia narrar um principio meio e fim, mas não é isso... não é isso que quero...

Abraçøs longos e apertados...
Parece que novamente reencontrei pessoas que fazem nossos olhos brilharem
Meu coração quer saltar pela boca, porque eu realmente estava extremamente a flor da pele. calma... um pé depois do outro... calma... respiro uma felicidade melancólica de ter me reencontrado no encontro com eles... eles corrosivo, eles quarto, eles auto-retrato.

Não vou reler...
vai assim como um fluxo de pensamento
não quero correções,
quero o agora.

Thaís

domingo, 19 de outubro de 2008

de Thaís: proposta de experimentação





Dependendo de onde e como você esteve (sentado, deitado, atrás do muro, da janela, do alto do edifício, dentro de um buraco, invisível ou na chaminé) a olhada foi uma e única (não nos responsabilizamos)

o piquenique aconteceu em 1929 próximo ao Rio Tietê / Em 2008 aconteceu em um heliporto (também conhecido como campo de golfe e/ou estacionamento de helicópteros)

Estiveram presentes duas garotas amigas.

na bela cesta:
comida farta: frango assado, carneiro assado e polenta suculenta (preparados pela mãe) / comida rápida: pipoca de microondas, mini-cenouras lavadas prontas para consumir e, para acompanhar, algumas bananas (adquiridos no supermercado do novo shopping center, localizado na esquina)

há pássaros.
há ruídos.

estávamos sendo vigiadas.
foi um dia atípico para um piquenique: não fez sol e a garoa era incessante.

por Carolina Bonfim e Renata Ferraz

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Postagem para CORROSIVO

Bom, começamos com um proto-energético... acho que ele influenciou de uma certa maneira as nossas relações com o espaço.
Os nossos olhares. eu estava ansiosa para escrever, pois observar é o que eu mais faço ultimamente... aliás é o que eu mais sempre fiz. Queria escrever pra parar de observar... mas mesmo assim a observação ao espaço foi boa... acabei transformando a ansiedade em música, fala, dança. Depois consegui escrever baseada nos elementos que ali vivi.
"Perseguição... pedrinhas... pessoas que corriam a minha volta. Por que correm? será que fogem também? a casa é quentinha e tem as luzes acesas. quem mora lá? queria poder passar do outro lado do muro, mas sei que se eu passar eles vão me pegar. Aqui está tudo corroido pelo tempo. acho que eu também me deixei corroer."
Alguma coisa de semelhante entre todos ali naquele espaço. -o que me fez parar de correr? a competição talvez, disse o Alê. gostei tanto desta outra frase do Alê: "eu queria que uma Pedra me achasse e não que eu achasse uma". - o marcos andava de costas, pra não ir de frente contra o vento. andava de costas e confiava em si, como se soubesse pra onde ia sem ter que olhar pra frente. Andar pra frente olhando pra trás. A Carol destacou as epidemias no início do séc. XX, pois havia lido um livro sobre isso e neste momento se depara com um rato vagando pela casa das caldeiras...
E uma pergunta: o que a Re fazia enquanto a gente vagava naqueles 40 minutos gelados e cheios de informação? Pesquisar entre 1880 até 1932... bisavós... quem foram e onde estiveram...


Acho que é isso...
por Thaís
.
.

Tempo Forte

No contexto do Programa de Residência Artística OBRAS EM CONSTRUÇÃO, a Casa das Caldeiras apresentou de 01 a 05 de setembro de 2008 os projetos em desenvolvimento dos artistas e pesquisadores residentes.
O Programa valoriza o processo do artista no curso do desenvolvimento de sua obra com o local, tendo como desafio, a dialética entre Arte, Território e Patrimônio que a Casa das Caldeiras peculiarmente propicia.
O Programa consiste em viabilizar espaços de Residência propondo acompanhamento logístico, administrativo e de estruturação do projeto, fomentando um contexto de troca de conhecimentos, métodos e impressões entre seus residentes.

Residência Artística: Casa das Caldeiras

E surge O CORROSIVO...

As artistas Carolina Bonfim e Renata Ferraz, após trabalharem juntas durante cinco anos no mesmo grupo teatral, sentiram a necessidade de desenvolver um trabalho artístico em espaços não convencionais onde pudessem integrar outras linguagens artísticas e trazer o público como o participante de suas obras. Resolveram, então, reunir-se com os artistas Alexandre Teles, Marcos Gorgatti, Thaís de Almeida Prado, Mario Lopes e Edson Secco de diferentes áreas (artes visuais e vídeo, performance, teatro, música,), com o objetivo de pesquisar o terreno híbrido em que as artes se encontram. Criou-se, assim, o coletivo corrosivo.
O trabalho mais recente que o Corrosivo realizou foi uma intervenção urbana na cidade de Rosario (Argentina) dentro do III Festival Internacional de Arte Digital, realizado com o apoio do Ministério da Cultura do Brasil - Programa de Intercâmbio e Difusão Cultural. A intervenção Soa como caos foi pensada e elaborada especialmente para o Festival confrontando patrimônios culturais e a cidade.
Além do projeto “Olhares entre Caldeiras” estamos em fase de desenvolvimento do projeto Andares, selecionado pelo Edital de Co-Patrocínio para Primeiras Obras, promovido pela Secretaria da Cultura do município de São Paulo. O projeto parte da investigação dos espaços relacionados ao Centro Cultural da Juventude e está intrinsecamente ligado aos desejos das pessoas que se relacionam direta ou indiretamente com ele, bem como seu espaço geográfico, político e cultural. Para tanto, buscaremos co-criadores na comunidade e nos seus freqüentadores.
Olhares entre Caldeiras
O projeto propõe a criação de uma Instalação Cênica a partir da pesquisa e a reflexão de um espaço vivo como a Casa das Caldeiras, que abriga histórias, memórias e re-significa sua funcionalidade na cidade de São Paulo.
Pretende-se criar uma nova relação com este espaço e interagir com seus componentes históricos, arquitetônicos, humanos, com sua paisagem, clima e demais elementos que o caracterizam.
A realização da Instalação Cênica pressupõe a interferência direta do público não só durante a construção da obra como também em cada dia das apresentações.
Nossa intenção não é recriar a realidade, mas intervir nela. Qual é a relação que as pessoas estabelecem ao passar por um mesmo lugar diariamente? O que pensam e sentem as pessoas sobre as suas memórias, histórias, desejos? E as pessoas que conhecem esse mesmo espaço por dentro? O que nos remete um espaço? Que histórias eu posso criar a partir de um lugar?